terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Simplesmente soberbo

Que 127 horas seja um “auto-ajuda” disfarçado até posso concordar!

Mas também tenho que concordar/acrescentar que é um bom filme! Inteligente, profundo, delicadamente simples e outros adjetivos com toques magistrais de talento sobre a naturalidade humana captadas pelo diretor Danny Boyle.

Todos sabem que o cara amputa a mão depois de dias presos num rochedo, mas aí, saber o que vai acontecer nem é tão importante quanto o caminho que vai se percorrer (sim... você também!) pra chegar no “maneta” que ele se transforma ao final! E antes do assunto ficar sério, palmas para a punheta que ele quase bate na situação extrema. Mais humano impossível!

Belo filme com a condução dramática inconteste de James Franco no papel de Aron Ralston. O cara é o filme!

Genial também é o diretor, que dá um tratamento cheio de criatividade às situações que o personagem vai se submetendo lentamente – o desespero, as necessidades urbanas, palavras e atos não ditos e feitos.

Preso e tentando evitar desespero, Aron mantém um vídeo-diário. Daí vem a cena mais emocionante e acho que posso dizer do seu triunfo como ser humano.

Por esse momento, Franco merecia o que sabemos que será de Colin Firth (ainda assim aposto nele).

No alvorecer, ele brinca com a câmera fingindo ser um apresentador de programa de TV (aos quais ele é acostumado ver quando acorda) entrevistando ele mesmo! Momento soberbo.

Ele percebe o quanto se é egoísta – e nos faz também - na auto-suficiência. O diálogo-monólogo (afinal é ele com ele mesmo) e a troca de perguntas e respostas é uma equação simples que o conduz para uma dedução sóbria: me fudi e vou morrer pelo meu precioso individualismo!

No jogo de troca de personagens (apresentador e Aron), a linguagem usada pelo diretor não podia ser mais simples e ao mesmo tempo inventiva! A simples mudança da qualidade de imagem entre a handcam usada por Aron e as câmeras do diretor!

No fim de tudo, nunca tinha visto antes, um “ups” ser usado com tanta magnitude! Perfeito e tocante... Você vai concordar comigo...

Bom filme... Juro que não vai ser diferente.

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